Bem vindo ao meu mundo

Bem vindo ao meu mundo

domingo, 21 de março de 2010

A troca.

Acordou sobressaltado, com a sensação da queda que nos é familiar desde crianças. Término de pesadelo, vôo sonhado, cordão de prata que prende o espírito ao corpo, ou outra esdrúxula ou científica explicação qualquer.


Teve pouquíssimo tempo para ver alguma coisa à volta e o que viu não lhe forneceu explicação alguma antes de sua morte. Viu-se no reflexo de um grande vidro retangular espelhado à sua frente. O reflexo o mostrava preso a uma cadeira de encosto alto, um dispositivo metálico acoplado à sua cabeça e ligado a fios espiralados pretos e vermelhos que terminavam em um grande interruptor na parede à sua direita. Esse interruptor seguro pela mão de um homem vestindo terno preto e gravata. Acima do vidro, uma inscrição que lhe pareceu em latim e abaixo: Elyria – Ohio.

Mas a imagem refletida no vidro era de um homem branco e gordo vestindo um macacão de cor laranja, em cujo bolso, no peito, está serigrafado o número 8401. Não era, de jeito nenhum, a sua própria imagem, mesmo assim ele sabia que estava lá dentro daquele corpo prestes a ser eletrocutado. Milésimos de segundos. A mão do homem de terno desceu a chave e tudo acabou.

Em Gregória/México amanhece. Carolina volta ao quarto e da porta chama:

- Victor, está na hora, homem! Já estou saindo e levando “Bi” para a creche. Toma café antes de sair!

Ele abre os olhos devagar. Parece desconfiado, não assustado, talvez incrédulo. Senta-se à cama. Examina as mãos, os braços, as pernas, os pés. Volta ao abdômen tenso e ao peito sem pelos. Olha o rosto no espelho do armário e dá uma grande gargalhada, deitando-se para num pulo rápido sair da cama de vez.

Aproxima o rosto do espelho e sorri com satisfação para a própria imagem. Aprova os dentes brancos, a barba por fazer, os olhos escuros, o pescoço forte, os ombros de nadador. Um bonito homem, hein? Então deu certo? O livro não mentira, afinal. Quem diria?

Vai até a porta do quarto e examina o local. Está em uma casa modesta, mas não miserável, limpa, guardanapos de crochê coloridos por todos os cantos. Na mesa da cozinha, café servido. Retorna para o interior do quarto e vê a foto de uma bonita, linda, gostosa morena abraçada ao corpo que o espelho agora reflete. Essa é minha mulher? Me dei bem demais!

O porta-retratos ao lado do primeiro mostra uma menina de uns cinco anos de idade, bonita como a mãe e exatamente como eu gosto. É só fazer tudo direitinho que ninguém vai perceber nada. Não vou cometer os mesmos erros que com as outras 27 meninas. Dessa vez os ratos não me pegam. Posso sumir com as duas, mas antes vamos aproveitar muito bem, principalmente com a garotinha do papai. Pensando nisso, acaricia os próprios genitais. Hum! Isso aqui ta muito bom também! Gostei!

Um comentário:

  1. Amiga,que textos são esses?????Cada um mais lindo que o outro.bjus saudades de voce...

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