Bem vindo ao meu mundo

Bem vindo ao meu mundo

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Só mais uma noite.

Da porta ele observa a mulher estirada na cama. O corpo dela semicoberto por um edredom com estampas chinesas. Os cabelos crespos, longos e negros não deixam o rosto à vista. No peito do pé direito, pequeno e de unhas vermelhas, uma borboleta tatuada.

Quem é essa moça? Que quarto é esse?

Sua imagem refletida no espelho da cômoda mostra-o usando um casaco azul, camisa branca e calça jeans. Claro! Os bolsos! Deve haver algum documento. Rápido examina-os e nada encontra. Nada também nos bolsos da calça.

Droga! O que está acontecendo? É um esforço, um grande esforço inútil, tentar pensar, lembrar de alguma coisa. Desconsolado ele encosta a cabeça à porta e examina o quarto com atenção. Nada ali lhe parece familiar. Nem os cheiros no ambiente trazem-lhe qualquer recordação.

Um resmungo infantil cresce no corredor:

- Mamãe! Mamãe!

O menino que aparenta não mais que três anos de idade passa por ele como se não o visse, entra no quarto e vai direto à cama, aconchega-se ao lado da mulher.

Pouco depois o menino está dormindo. Ele se aproxima cauteloso. A criança tem o cabelo como o da moça, mas nas infantis feições ele reconhece a si mesmo. Ele cobre a criança com uma ponta do edredom e percebe que a mulher não respira, no peito a marca de um tiro.

Lentamente ele se retira fechando a porta com cuidado.

Longe, um galo canta.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Nau fantasma.

Feito a nau Catarineta

Sem porto pra atracar

Estou perdida do céu

E à deriva no mar


Só quero um vento forte

Que me faça navegar

Calmarias não me levam

Aonde eu quero chegar

Estou perdida do céu

E à deriva no mar


A fome castiga o homem

Que insiste em viajar

O medo gruda na alma

E não me deixa voltar

Estou perdida do céu

E à deriva no mar


Azrael visita o barco

Quer alguém para levar

De tantas visitas feitas

Somente eu e a morte

Nas ondas da noite negra

Estamos no mesmo lugar

Estou perdida do céu

E à deriva no mar.