Da porta ele observa a mulher estirada na cama. O corpo dela semicoberto por um edredom com estampas chinesas. Os cabelos crespos, longos e negros não deixam o rosto à vista. No peito do pé direito, pequeno e de unhas vermelhas, uma borboleta tatuada.
Quem é essa moça? Que quarto é esse?
Sua imagem refletida no espelho da cômoda mostra-o usando um casaco azul, camisa branca e calça jeans. Claro! Os bolsos! Deve haver algum documento. Rápido examina-os e nada encontra. Nada também nos bolsos da calça.
Droga! O que está acontecendo? É um esforço, um grande esforço inútil, tentar pensar, lembrar de alguma coisa. Desconsolado ele encosta a cabeça à porta e examina o quarto com atenção. Nada ali lhe parece familiar. Nem os cheiros no ambiente trazem-lhe qualquer recordação.
Um resmungo infantil cresce no corredor:
- Mamãe! Mamãe!
O menino que aparenta não mais que três anos de idade passa por ele como se não o visse, entra no quarto e vai direto à cama, aconchega-se ao lado da mulher.
Pouco depois o menino está dormindo. Ele se aproxima cauteloso. A criança tem o cabelo como o da moça, mas nas infantis feições ele reconhece a si mesmo. Ele cobre a criança com uma ponta do edredom e percebe que a mulher não respira, no peito a marca de um tiro.
Lentamente ele se retira fechando a porta com cuidado.
Longe, um galo canta.
sexta-feira, 25 de junho de 2010
quarta-feira, 23 de junho de 2010
Nau fantasma.
Feito a nau Catarineta
Sem porto pra atracar
Estou perdida do céu
E à deriva no mar
Só quero um vento forte
Que me faça navegar
Calmarias não me levam
Aonde eu quero chegar
Estou perdida do céu
E à deriva no mar
A fome castiga o homem
Que insiste em viajar
O medo gruda na alma
E não me deixa voltar
Estou perdida do céu
E à deriva no mar
Azrael visita o barco
Quer alguém para levar
De tantas visitas feitas
Somente eu e a morte
Nas ondas da noite negra
Estamos no mesmo lugar
Estou perdida do céu
E à deriva no mar.
Sem porto pra atracar
Estou perdida do céu
E à deriva no mar
Só quero um vento forte
Que me faça navegar
Calmarias não me levam
Aonde eu quero chegar
Estou perdida do céu
E à deriva no mar
A fome castiga o homem
Que insiste em viajar
O medo gruda na alma
E não me deixa voltar
Estou perdida do céu
E à deriva no mar
Azrael visita o barco
Quer alguém para levar
De tantas visitas feitas
Somente eu e a morte
Nas ondas da noite negra
Estamos no mesmo lugar
Estou perdida do céu
E à deriva no mar.
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